Mais
um tabu quebrado! Esse ano vencemos o América no Giulite Coutinho, em Edson
Passos, quebrando o nosso primeiro tabu no ano. Depois conseguimos vencer pela Sul
Americana, agora por último vencemos o Atlético-PR na Arena pela 1ª vez, em 12 jogos eram 9
vitórias deles e 3 empates, com direito a jogos memoráveis: brasileiro de 2004,
ganhávamos por 1 x 0 gol do Junior Baiano e eles marcaram 2 gols nos
acréscimos; ano passado a gente jogava melhor e brincava de perder gol, e aos
37 do 2° eles marcam o gol da vitória em lance de escanteio Até que enfim acabou essa porra! Quem sabe não acontece que nem Santos x Flamengo na Vila Belmiro? Era uma merda ganhar lá, mas depois que vencemos em 2009 eles é que ainda não nos venceram.
Nem vou
comentar muito do jogo. Foi show de horrores de todos os lados. Arbitragem,
jogadores, gramado, torcida etc. Não prestou nada. Não era de se esperar nada
do nosso time mesmo, jogando Angelim na esquerda e na direita Galhardo e depois
Fierro; Bottinelli que continua de brincadeira e Fierro na criação. Fica
difícil sair alguma coisa. Só foi bom porque deu um pouco mais de ritmo pros
zagueiros. Em breve o Alex Silva será titular, disso ninguém tem dúvida e o Gustavo
vai brigar, ainda quero ver mais pra afirmar alguma coisa, mas a primeira vista
sou mais ele que os outros malas.
Viram o gol
que o Jael perdeu? Haha! Na hora claro que fiquei puto, mas como ganhamos de
qualquer jeito, foi bom! Assim a torcida não gritará Jael em qualquer erro do
Deivid domingo. Não tem mais muito pra falar. O jogo tava fácil, só faltava
alguém bom jogando. Quando o Ronaldinho foi aquecer, senti que poderíamos
vencer lá pela primeira vez. Só não esperava gol de cabeça em lance de
escanteio (geralmente ele que bate os escanteios). Pouco depois me entra o
Wellington. Aí senti que poderíamos não vencer lá mais uma vez. Felizmente deu
tudo certo.
Enfim, não
tem nada pra falar, o post vai ficar pequeno mesmo. Vou deixar então aqui
abaixo um texto do Carlos Drummond de Andrade. To com a cabeça no domingo.
Vamos ganhar esses desgraçados e o Palmeiras vai enrabar o Corinthians. VAMOS
FLAMENGO VAMOS SER CAMPEÕES
O torcedor
No jogo de decisão
do campeonato, Eváglio torceu pelo Atlético Mineiro, não porque fosse
atleticano ou mineiro, mas porque receava o carnaval nas ruas se o Flamengo
vencesse. Visitava um amigo em bairro distante, nenhum dos dois tem carro, e
ele previa que a volta seria problema.
O Flamengo
triunfou, e Eváglio deixou de ser atleticano para detestar todos os clubes de
futebol, que perturbam a vida urbana com suas vitórias. Saindo em busca de táxi
inexistente, acabou se metendo num ônibus em que não cabia mais ninguém, e
havia duas bandeiras rubro-negras para cada passageiro. E não eram bandeiras
pequenas nem torcedores exaustos: estes pareciam terem guardado a capacidade de
grito para depois da vitória.
Eváglio sentiu-se
dentro do Maracanã, até mesmo dentro da bola chutada por 44 pés. A bola era
ele, embora ninguém reparasse naquela esfera humana que ansiava por tornar a
ser gente a caminho de casa.
Lembrando-se de
que torcera pelo vencido, teve medo, para não dizer terror. Se lessem em seu
íntimo o segredo, estava perdido. Mas todos cantavam, sambavam com alegria tão
pura que ele próprio começou a sentir um pouco de Flamengo dentro de si. Era o
canto? Eram braços e pernas falando além da boca? A emanação de entusiasmo o
contagiava e transformava. Marcou com a cabeça o acompanhamento da música.
Abriu os lábios, simulando cantar. Cantou. Ao dar fé de si, disputava à morena
frenética a posse de uma bandeira. Queria enrolar-se no pano para exteriorizar
o ser partidário que pulava em suas entranhas. A moça, em vez de ceder o
troféu, abraçou-se com Eváglio e beijou-o na boca. Estava batizado, crismado e
ungido: uma vez Flamengo, sempre Flamengo.
O pessoal desceu
na Gávea, empurrando Eváglio para descer também e continuar a festa, mas
Eváglio mora em Ipanema, e já com o pé no estribo se lembrou. Loucura continuar
Flamengo a noite inteira à base de chope, caipirinha, batucada e o mais.
Segurou firme na porta, gritou: "Eu volto, gente! Vou só trocar de
roupa" e, não se sabe como, chegou intacto ao lar, já sem compromisso
clubista.
(ANDRADE, Carlos
Drummond. De conto em conto, v. 2. São Paulo: Ática, 2001.)
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