quarta-feira, 3 de agosto de 2011

RESISTIR É PRECISO! PRIMEIRO PASSO FOI DADO!



Como todos sabem, estou ainda que de leve, engajado na luta contra as obras que acabarão com os verdadeiros torcedores no Maraca. Após audiências, processos, dossiês e a marcha FORA RICARDO TEIXEIRA, conseguimos que  a procuradoria mandasse paralisar as obras. O procurador que esteve na audiência que tanto divulguei, entrou com ação civil pública pedindo liminar em caráter de urgência para paralisar a demolição do teto do Maracanã, pois ele não concordou com os argumentos pífios dados pelo Iphan de que a demolição não fere o tombamento do estádio feito em 2000. (Mais detalhes no final, no texto em vermelho).

Assim, na ação, o Iphan e a Emop, são os réus. Se a liminar for concedida, além da paralisação imediata, o MPF pede a reconstrução da marquise e caso não seja possível que seja reconstruída com a mesma modelagem, a multa diária foi estipulada em R$ 1 milhão.

Como se vê, demos um passo importante. Continuaremos lutando até o fim. Uma das formas de luta que estamos usando é um abaixo assinado que visa mobilizar a sociedade brasileira para que o Ministério Público Federal faça uma intervenção emergencial na CBF e no COL; para que a CPI da Copa 2014 seja acionada imediatamente; e, para que o canalha do Ricardo Teixeira não suje a imagem do país no cenário esportivo e seja punido.

Em 10 dias o abaixo assinado já atingiu a marca de 6 mil assinaturas. Um início bom, mas que ainda pode aumentar, e muito! Tenho certeza que há muito mais gente contra esse verme. Posto aqui o link pra quem quiser assinar. Lembro que o abaixo assinado é sério, portanto, não é daqueles onde você inventa um e-mail na hora e vota quantas vezes quiser, é necessário o número da sua identidade. Mas o número não é divulgado, é o mesmo esquema de um site de compras. Os demais dados (CPF, título de eleitor, endereço e telefone) são totalmente opcionais. Quem puder divulgue entre parentes e amigos, ganhamos a primeira batalha e vamos conseguir ganhar a guerra.


Há coisas que só acontecem no Brasil. Foram necessários 3 anos de estudo pra demolir Wembley, na Inglaterra. No Brasil, 5 meses de estudo e um ofício de apenas 4 páginas foi suficiente. Transcrevo abaixo alguns trechos do ofício que acho interessantes para quem quer entender melhor a discussão do tombamento:
(...)
Há no âmbito dos instrumentos de proteção utilizados pelo IPHAN, quatro livros de tombo, um deles em franco desuso, restando-nos, a rigor, três:

1- Livro das Belas Artes, no qual são inscritos bens em que características arquitetônicas e artísticas preponderam.
2- Histórico, em que fatos e figuras humanas são lembrados ao se conservar um prédio ou espaço público.
3- E, por fim, um livro que inclui coisas completamente diferentes entre si e que poderia ser dividido em três outros livros, mas não o é: trata-se do livro Etnográfico, Arqueológico e Paisagístico.

(...)
O Maracanã, efetivamente, foi inscrito no livro Arqueológico, Etnográfico e Paisagístico e não Histórico.
(...)
Aurélio Buarque de Holanda, em seu famoso dicionário, nos diz que paisagem é o “Espaço de terreno que se abrange num lance de vista”.

Interessante que o autor não inclua os bens edificados como parte de uma paisagem, mas apenas o terreno. Mas se ficarmos apenas na ideia de que paisagem pressupõe um observador que se encontra em um ponto de vista que abrange um trecho, espaço... de um terreno, sob o ponto paisagístico nada há que impeça a modificação pretendida no Maracanã, pois todas as alterações ocorrem abaixo do ponto focal do observador.

Resta, então, o aspecto etnográfico. Evidentemente que a alteração pretendida enaltece este recorte de nossa análise, ao trazer mais conforto aos torcedores e beneficiar a questão principal do tombamento.
(...)
Parece-nos, por fim, que a principal característica do Maracanã é algo que o aproxima do conceito, relativamente recente, de Patrimônio Imaterial, que aqui se revela através da inscrição no Livro Etnográfico.

A Imaterialidade sustenta o estádio concreto. É o espetáculo das torcidas, que por 60 anos, fizeram a sua história e o seu espírito.
(...)
A população que atribui valores intangíveis àquele espaço, àquela paisagem e, finalmente, a ele como monumento, certamente não se veria contemplada, pois é ela que dá caldo ao “ethno” que serviu para alicerçar o tombamento. Assim, reflitamos: o que seria do Maracanã e de seu merecido tombamento sem o mágico grito da “massa”(...)?

É patético! Falam em espetáculo da massa e transformam o estádio num cemitério de torcedores, um shopping (quem já viu a área interna no vídeo do projeto do estádio sabe do que falo) que ao invés de ter cinemas, tem um teatro cuja peça é a uma partida de um esporte que pode ser qualquer um, menos futebol.

Deixo uma questão de reflexão. Fazendo tudo sob o argumento de que “A FIFA mandou”. Somos uma colônia da federação EUROPEIA (não venham dizer que ela é internacional), quebramos nossas leis porque ela quis. Não só a de tombamento, mas outras como a lei seca nos estádios (alguém acha que a Brahma, patrocinadora, não venderá cerveja?). Os Estados Unidos controlam as organizações internacionais e eles querem a internacionalização da Amazônia. Com essa mentalidade colunata, não me surpreenderia em alguns anos ouvir: “A Amazônia deve ser internacionalizada porque a ONU mandou”.

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